sábado, 12 de março de 2011

UNIÃO IBÉRICA E AS INVASÕES HOLANDESAS


A União Ibérica e o Brasil Holandês - 1580 - 1640

    Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no atual Marrocos, em luta contra os árabes. Com a morte do rei, que não tinha descendentes, o trono de Portugal foi ocupado pelo seu tio-avô, o velho cardeal D. Henrique, que, no entanto, faleceu em 1580, naturalmente sem deixar descendência extinguindo-se a dinastia de Avis, que se encontrava no trono desde 1385.
    Vários pretendentes se candidataram então ao trono vago: D. Catarina, duquesa de Bragança, D. Antônio, prior do Crato e, também, Felipe II, rei da Espanha, que descendia, pelo lado materno, em linha direta, do rei D. Manuel, o Venturoso, que reinou nos tempos de Cabral. Depois de invadir Portugal e derrotar seus concorrentes, o poderoso monarca espanhol declarou governante do reino português. Assim, de 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao mesmo tempo, rei de Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”.
Nesse contexto, os holandeses que eram parceiros econômicos dos portugueses, ex-colônia e atual inimigo dos espanhóis, decidem invadir o Brasil para continuar a comercializar o açúcar brasileiro.
HOLANDESES NO BRASIL 
    Através da Companhia das Índias Ocidentais (WIC), a quem os Estados Gerais (órgão político supremo da Holanda) concederam o monopólio do tráfico de escravos, da navegação e do comércio por 24 anos, na América e na África. A essa nova companhia deve-se creditar a maior façanha dos holandeses: a conquista de quase todo o nordeste açucareiro no Brasil.
   OS HOLANDESES NA BAHIA - (1624-1625). A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu em 1624. O alvo visado era Salvador, a capital da colônia.
    Os holandeses não faziam muito segredo de seus planos. Diogo de Mendonça Furtado, governador da Bahia, tinha conhecimento do fato, embora não tomasse nenhuma providência para repelir o iminente ataque holandês. Resultado: no ano de 1624, quando a invasão holandesa se efetivou, bastaram pouco mais de 24 horas para que a cidade fosse completamente dominada. O governador Mendonça Furtado foi preso e enviado a Amsterdã. O seu lugar foi ocupado pelo holandês Van Dorth.
    Passado o pânico inicial, os colonos se reagruparam e começaram a resistência. Destacou-se aqui o bispo Dom Marcos Teixeira, que mobilizou os moradores através do apelo religioso: a luta contra os holandeses foi apresentada como luta contra os heréticos calvinistas. Essa luta guerrilheira que então se iniciou, contabilizou alguns êxitos, entre eles a morte do próprio governador holandês, Van Dorth. Enfim, os holandeses foram repelidos por uma esquadra luso-espanhola. Essa primeira tentativa holandesa durou praticamente um ano: de 1624 a 1625. 
OS HOLANDESES EM PERNAMBUCO - (1630 -1654), Em 1630, com uma esquadra de setenta navios, os holandeses chegaram a Pernambuco, dominando, sem maiores problemas, Recife e Olinda, apesar dos preparativos de defesa efetuados por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco.
    Contra os holandeses, organizaram-se as Companhias de Emboscada, grupos guerrilheiros chefiados por Matias de Albuquerque, que iriam se fixar no Arraial do Bom Jesus, situado numa região entre Olinda e Recife. Apesar de os holandeses estarem mais bem armados e contarem com um contingente apreciável de soldados, a resistência luso-brasileira possuía a seu favor o fator surpresa alia­do ao melhor conhecimento do terreno. Porém, essa situação se alterou com a passagem de Domingos Fernandes Calabar para o lado holandês.
Até 1635 os holandeses estavam arcando com as despesas militares da conquista. A Nova Holanda, que então se constituía, era, aos olhos da Companhia das Índias Ocidentais, um empreendimento comercial de que se esperava extrair altos lucros. Era preciso, portanto, colocá-la rapidamente em condições de produzir. Para organizar os seus domínios no Brasil, foi enviado, como governador-geral, João Maurício de Nassau-Siegen, que aqui permaneceu de 1637 a 1644.
A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
Também conhecida como Guerra da Luz Divina, foi o movimento que expulsou os holandeses do Brasil, integrando as forças lideradas pelos senhores de engenho André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, pelo afro-descendente Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão.
Na região Nordeste, sob domínio da WIC, Maurício de Nassau foi substituído na administração. Ao contrário do que preconizara em seu "testamento" político, os novos administradores da companhia passaram a exigir a liquidação das dívidas aos senhores de engenho inadimplentes, política que conduziu à Insurreição Pernambucana de 1645 e que culminou com a extinção do domínio neerlandês após a segunda Batalha dos Guararapes.
Formalmente, a rendição foi assinada em 26 de Janeiro de 1654, na campina do Taborda, mas só provocou efeitos plenos, em 6 de agosto de 1661, com a assinatura da Paz de Haia. De acordo com uma corrente historiográfica tradicional em História Militar do Brasil, o movimento assinalou ainda o germen do nacionalismo brasileiro, pois os brancos, africanos e indígenas fundiram seus interesses na expulsão do invasor.
 


CICLO DO AÇÚCAR

O AÇÚCAR NO BRASIL

O ciclo da cana-de-açúcar foi a primeira atividade economicamente organizada do Brasil. Por mais de dois séculos o açúcar foi o principal produto brasileiro, convivendo, contribuindo e, às vezes, resistindo às mudanças sócio-politico-culturais deste período. As dificuldades de sua implantação eram muitas; a falta de dinheiro para montar a moenda, comprar escravos, refinar o açúcar e, sobretudo transportá-lo nos mercados consumidores da Europa.
A cultura da cana de açúcar propiciava aos donatários de terras da ocupação das mesmas pois povoados se formavam em torno dos engenhos. O primeiro engenho foi instalado por Martins Afonso de Souza, em 1532.  
Os holandeses surgem, então, como financiadores, transportadores e negociadores do nosso açúcar no mercado consumidor europeu. Podemos dizer que foram os holandeses o maiores beneficiados de forma lucrativa com o nosso açúcar.  
Os centros urbanos que se desenvolveram em áreas especializadas na cultura da cana e no fabrico do açúcar foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos em valores da nossa cultura moral, intelectual, religiosa, científica e artística.  
Com o êxito do açúcar no comércio, o governo português incentivou  a expansão das fábricas em sua  colônia americana. Com isso Portugal estava, com estímulos oficiais, desenvolvendo a economia brasileira. Lavoura extensiva de cana-de-açúcar surgiu para alimentar os engenhos. Estes por sua vez eram instalados à beira-mar ou nas proximidades dos rios por necessidade não só de seu funcionamento como também pela questão de transporte do produto. Ao lado do canavial, nascia à agricultura de subsistência, para atender a crescente necessidade de alimentos para a casa grande, a senzala e a pequena parcela de assalariados livres. A propriedade rural, verdadeiro feudo, era, então, assim formada: 
A casa-grande onde vivia o senhor com sua família, exercendo grande autoridade sobre todos. Era um verdadeiro patriarca.  
A senzala era uma grande construção onde os negros escravos viviam miseravelmente, tratados como animais e sujeitos a toda a sorte de violência e castigos.  
A capela onde se realizavam  as cerimônias religiosas. Além, de centro religioso, a capela era um centro social, pois nela se reuniam todos os homens livres do engenho e das proximidades.            
E a moenda, onde a cana-de-açúcar era moída. O caldo corria da moenda para os tachos por meio de calhas. Dos tachos, o caldo era retirado em vasilhas de cobre e levado para a caldeira, onde era fervido e mexido pelos escravos, que tiravam as impurezas e a espuma.
O começo da colonização se deu em pequenas comunidades que teve importante papel na especialização de mão-de-obra dos escravos. Logo depois veio a mão-de-obra dos escravos africanos, que chegou para a expansão da empresa, quando os lucros já  se encontravam assegurados. Era um sistema de produção rentável e capitalizado.    
Com o fim da presença Holandesa no Brasil, o açúcar começa entrar em decadência, pois, os holandeses, enquanto estiveram no Brasil,  adquiriram todo o conhecimento de técnicas e organizações da indústria açucareira, pois, era isso o que eles precisavam para implantarem uma nova base industrial (as Antilhas).  A partir desse momento, estaria perdido o monopólio e alterado os dois grupos representativos da época, os portugueses produtores e os holandeses financiadores.  


Capitanias Hereditárias e Governo Geral

 
Logo após o descobrimento do Brasil (1500), a coroa portuguesa começou a temer invasões estrangeiras no território brasileiro. Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses e holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém descoberta. Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma eficiente.
Formação das Capitanias Hereditárias 
Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região.

Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo.

As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando.


Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais.
 
  Principais Documentos: 
A CARTA DE DOAÇÃO era um documento onde a Coroa Portuguesa pelo qual esta fazia a concessão de uma capitania e dos seus direitos sobre ela, a um capitão donatário. A Coroa tinha particular interesse nos forais porque estes funcionavam como fontes. Podemos perceber o interesse das capitanias pela CARTA FORAL. Esse documento estabelecia os limites geográficos da capitania e proibia o comércio das suas terras, aceitando a transferência territorial apenas por hereditariedade(que passa do pai para o seu filho); regulamentava os limites das capitanias; dava jurisdição civil e criminal sobre a área da capitania.
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: SãoVicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e Fernando Álvares de Andrade).


GOVERNOS GERAL

Em função do desempenho insatisfatório do sistema de Capitanias Hereditárias, D. João III, rei de Portugal resolveu criar o Governo-Geral no Brasil no ano de 1549. Era uma forma de centralizar o poder na colônia e acabar com a desorganização administrativa.
Como resultados da implantação deste sistema político-administrativo no Brasil, podemos citar: catequização de indígenas, desenvolvimento agrícola e incentivo à vinda de mão-de-obra escrava africana para as fazendas brasileiras.
Os três governadores gerais do Brasil que mais se destacaram foram Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá. 

Colonização da América Espanhola

Os espanhóis, logo após empreenderem um sangrento processo de dominação das populações indígenas da América, efetivaram o seu projeto colonial nas terras a oeste do Tratado de Tordesilhas. Para isso montaram um complexo sistema administrativo responsável por gerir os interesses da Coroa espanhola em terras americanas. Todo esse esforço deu-se em um curto período de tempo. Isso porque a ganância pelos metais preciosos motivava os espanhóis.

As regiões exploradas foram divididas em quatro grandes vice-reinados: Rio da Prata, Peru, Nova Granada e Nova Espanha. Além dessas grandes regiões, havia outras quatro capitanias: Chile, Cuba, Guatemala e Venezuela. Dentro de cada uma delas, havia um corpo administrativo comandado por um vice-rei e um capitão-geral designados pela Coroa. No topo da administração colonial havia um órgão dedicado somente às questões coloniais: o Conselho Real e Supremo das Índias.

Todos os colonos que transitavam entre a colônia e a metrópole deviam prestar contas à Casa de Contratação, que recolhia os impostos sob toda riqueza produzida. Além disso, o sistema de porto único também garantia maior controle sobre as embarcações que saiam e chegavam à Espanha e nas Américas. Os únicos portos comerciais encontravam-se em Veracruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia). Todas as embarcações que saíam dessas regiões colônias só podiam desembarcar no porto de Cádiz, na região da Andaluzia.
Responsáveis pelo cumprimento dos interesses da Espanha no ambiente colonial, os chapetones eram todos os espanhóis que compunham a elite colonial. Logo em seguida, estavam os criollos. Eles eram os filhos de espanhóis nascidos na América e dedicavam-se a grande agricultura e o comércio colonial. Sua esfera de poder político era limitada à atuação junto às câmaras municipais, mais conhecidas como cabildos.

Na base da sociedade colonial espanhola, estavam os mestiços, índios e escravos. Os primeiros realizavam atividades auxiliares na exploração colonial e, dependendo de sua condição social, exerciam as mesmas tarefas que índios e escravos. Os escravos africanos eram minoria, concentrando-se nas regiões centro-americanas. A população indígena foi responsável por grande parte da mão de obra empregada nas colônias espanholas. Muito se diverge sobre a relação de trabalho estabelecida entre os colonizadores e os índios.

Para burlar a proibição eclesiástica a respeito da escravização do índio, os espanhóis adotavam a mita e a encomienda. A mita consistia em um trabalho compulsório onde parcelas das populações indígenas eram utilizadas para uma temporada de serviços prestados. Já a encomienda funcionava como uma “troca” onde os índios recebiam em catequese e alimentos por sua mão-de-obra.

A Colonização do Brasil

 A Colonização do Brasil foi um processo de povoação, exploração e dominação do território, já que a Corte Portuguesa acreditava na hipótese de ter o território brasileiro invadido e tomado caso não fosse ocupado. Apesar dessas intenções, a Corte Portuguesa também tinha como objetivo transformar o novo território em fonte de renda para Portugal.

Devido a hostilidade indigena, Portugal só iniciou a colonizção do Brasil por volta de 1530. Quando Dom João III, rei de Portugal da época, enviou Martim Afonso de Souza ao Brasil para explorar seu território em busca de minerais e ainda fazer demarcações estratégicas no território de modo que beneficiasse a extração dos minerais. Com total autonomia dada pelo rei, Martim Afonso designava autoridades e distribuía terras para aqueles que se comprometiam a realizar a missão determinada pelo rei. Quase todo o litoral foi explorado por Martim Afonso e suas expedições.

No litoral paulista foram firmados os primeiros povoados do país, onde as primeiras plantações de cana-de-açúcar foram formadas, além dos primeiros engenhos.

Plano Anual

Abaixo, estão listados todos os temas que serão tratados no ano de 2011. Mesmo assim, estes temas estão sujeitos a flexibilidade de conteúdo, podendo serem acrescidos, diminuídos e antecipados.


1. Absolutismo e Mercantilismo
2. A América, um novo continente
3. Colonização da América espanhola e portuguesa
4. A união Ibérica e as Invasões Holandesas
5. O açúcar e a escravidão
6. O ouro no Brasi
7. A Expansão territorial do Brasil
8. A Revolução Industrial
9. Crise no antigo regime e o Iluminismo
10. Independência Americana
11. Revolução francesa
12. Era Napoleônica
13. Revoluções na América
14. Corte Portuguesa no Brasil
15. Independência do Brasil
16.
17.
18.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Nosso Livro


Estrutura do livro

O conteúdo do livro está organizado em 13 unidades de trabalho: Pré-História; Primeiras sociedades; O nascimento do mundo ocidental; A época medieval; Idade Moderna; Colonização da América; Tempo de revoluções; A era industrial; O mundo em conflito; Crise e Guerra Mundial; O período da Guerra Fria; Mudanças no final do século XX; O século XXI em construção.

As unidades são subdivididas em capítulos (73, no total). Na abertura de cada uma delas é proposta uma atividade de Leitura de imagem, cumprindo diferentes funções: levantar o repertório dos alunos em relação aos objetos de estudo da unidade; estimular a formulação de hipóteses; incentivar a manifestação de opinião e a discussão; motivar a classe para o desenvolvimento do trabalho.


O autor

José Geraldo Vinci de Moraes é doutor em História Social pela USP e professor de Metodologia da História da FFLCH-USP. Reúne à sólida formação acadêmica uma ampla experiência como professor do Ensino Médio, o que lhe permite oferecer ao professor e ao aluno uma apresentação clara e abrangente do conteúdo curricular de História, assim como diversificados recursos para o desenvolvimento do trabalho na sala de aula.


Fonte: http://www.editorasaraiva.com.br